Olá, Como estão?

Hoje eu vou contar uma história bem curta. Mas não tão menos gloriosa do que de muitos por ai.
Porque eu acredito em uma coisa: de que existe um monte de Mandela, Gandhi, Tião Rocha, Aristóteles, Paulo Freire, Eleanor Roosevelt por ai disfarçado de gente comum.

Eu sempre odiei o ônibus que me leva a universidade. 1 hora e meia as vezes 2 horas de viagem é muito irritante, ainda mais se você tem que fazer esse bendito percurso todos os dias durante quatro anos. Eu comecei a usar estratégias para sobreviver a esse tempo com meu humor intacto. Ouço musicas, leio ou durmo(quase sempre.).

Com o tempo comecei a pensar que eu to perdendo 2 horas preciosas da minha vida dentro de uma caixa de metal com rodas! Minha nossa! Isso me irritou ainda mais. Cadê os cientistas para inventar teletransporte? Pulando o momento desabafo e essa introdução praticamente desnecessária, eis o motivo do post de hoje.

Marquinhos.

Ele é um dos passageiros que pega o ônibus comigo no horário das sete da manhã. Qualquer um que pegue esse mesmo ônibus todos os dias vai poder confirmar o que eu estou dizendo. Ele deve ter uns 24 anos
ou coisa assim. Mas o que há de tão especial nesse passageiro, aparentemente como qualquer outro?

Ele sorri, ele canta, ele conta piadas, brinca com o motorista e o cobrador(que são muito gentis aliás). E faz isso a viagem inteira. Ele não desanima e sempre tem um sorriso no rosto.
Ele não é um cantor exímio, sempre canta todas as musicas num ritmo rápido. Seja a música lenta ou não. As vezes ele muda a letra da canção e fica tão engraçado que todos ao redor dele começam a rir.

Ele certamente não vê essas horas com tanto pessimismo. Ele encontra seus dois amigos, o cobrador e o motorista e dá para ver em sua fisionomia uma alegria contagiante.

Certa vez quando ele desceu do ônibus na parada perto da escola onde ele estuda, uma mulher que estava perto dele disse: Lá se vai a alegria do ônibus.
Outra vez ouvi uma mulher conversando com uma amiga no telefone e ela disse: Eu pequei o icoaraci-Ufpa e tem um moço aqui que está cantando a viagem inteira.

Eu me perguntei nas primeiras vezes em que isso aconteceu: Será que ele tem algum tipo de distúrbio mental, intelectual ou alguma coisa assim? Por que as pessoas não reclamam ou xingam, ou se mostram revoltadas com o rapaz? Essa atitude compreensiva de alguns passageiros só reforçou a ideia de que ele poderia ser um garoto especial. Porque pessoas "NORMAIS" não cantam em ônibus lotado.

Eu tive a oportunidade de ler O lado Bom da vida essa semana e aprendi uma grande lição de que a gente não sabe se colocar no lugar do outro. Que a gente pensa as vezes que alguém com algum tipo de deficiência é um coitadinho que não pode ser feliz plenamente. E que algumas atitudes nossas podem fazer eles pensarem isso mesmo.

O que esse anonimo rapaz de Icoaraci, Belém -Pará deixa de grande lição todos os dias naquele ônibus cuja viagem é longa e irritante:
Que há sempre um motivo pra sorrir.
Que quem canta seus males e os dos outros espanta.
Que o que a gente precisa é ser meio louco mesmo e transformar os momentos com aqueles que gostamos o melhor possível.
Que a gente assume um jeito de se portar em cada lugar que acaba tornando a gente robôs. (Todos no ônibus sérios e calados.) E quem quebra a regra só pode ser meio louco.
E que assim como Gentileza gera Gentileza, felicidade gera felicidade.


Quem sabe eles (essas pessoas felizes) entendam o mundo de maneira mais inspiradora e otimista que muito saudáveis por ai. Como ele mesmo disse hoje: Eu não tenho vergonha de falar.

E você conhece algum anônimo personagem da vida real que te ensinou algo tão legal? Compartilhe.